Subscrição VS Compra

Um dia, vou pagar apenas pelo que utilizo!

E se, já amanhã, o conceito de utilização ultrapassasse o de propriedade? É nisto que a economia funcional está a apostar. Grandes marcas estão cada vez mais a aventurar-se nesta nova tendência. Com a propagação de dispositivos inteligentes e a oferta crescente de novos serviços, estão a surgir novas oportunidades para fabricantes e clientes. O resultado é duplamente benéfico: responde aos desafios do desenvolvimento sustentável e mantém as empresas competitivas.

Sem tinta? Uma memória distante!

Já todos passámos por isso: a impressora fica sem tinta quando é preciso imprimir um documento importante. Este é um inconveniente que o Instant Link da HP está prestes a eliminar.
O princípio: a impressora informa a HP quando a tinta está a terminar e a empresa envia os respetivos tinteiros diretamente para nossa casa.
Resultado: não é necessário encomendar online, nem ir à loja, nem armazenar tinteiros desnecessariamente. Mais importante ainda é o facto de o preço ser calculado com maior precisão, tendo em conta os requisitos de cada pessoa.

Pagar por páginas impressas, e não por tinteiros.

Com este sistema, ao invés de comprarmos os tinteiros, pagamos por páginas impressas, mediante uma taxa fixa.
Se imprimirmos 50 páginas por mês, gastamos €2,99; em 100 páginas, gastamos €4,99; o serviço chega a ser gratuito se imprimirmos menos de 15 páginas por mês.
Lançado em 2015, este serviço da HP aporta benefícios a vários níveis. Do ponto de vista ambiental, a entrega dos novos tinteiros é acompanhada de um envelope que permite devolver os tinteiros usados e, deste modo, encaminhá-los para a reciclagem.
Do ponto de vista financeiro, as poupanças ao longo do ano são significativas e, dependendo dos níveis de utilização, podem ser superiores a 50%, comparativamente com a compra. Este modelo económico não se limita, porém, a consumíveis...

Ter uma máquina de lavar a roupa…ou lavagens de roupa?

A Bundles, uma startup holandesa, uniu forças com a Miele, fabricante de eletrodomésticos. A ideia: em vez de investir numa máquina de lavar roupa, porque não pagar apenas número pelo número de cargas (lavagens de roupa) mensais?
O serviço funciona com base no aluguer de uma máquina de lavar roupa, por valores que variam entre €16,95 e €22,95 por mês, aos quais acresce uma taxa definida para um determinado número de cargas mensais (entre €0,60 e €1 por carga). O preço inclui entrega e instalação, bem como manutenção e todas as reparações que forem necessárias.
Como a máquina está ligada à Internet, a Bundles pode antecipar possíveis problemas e, através da App, dar conselhos em tempo real, permitindo que o utilizador aproveite ao máximo a subscrição, enquanto otimiza o consumo de água e eletricidade. Atualmente, o serviço está disponível apenas na Holanda, mas a startup já tem planos para estender os seus serviços a máquinas de secar roupa e até a máquinas de café.
Um bom lar começa na aliança entre o desenvolvimento sustentável e a economia.

O que nos diz tudo isto?

No setor profissional, este tipo de serviços não são uma novidade. Veja-se o exemplo da Michelin e do seu serviço Fleet Solution. O programa foi lançado em 2001 e oferece às transportadoras a possibilidade de, ao invés da compra, pagar pelos pneus com base no número de quilómetros percorridos. A grande novidade está na chegada deste modelo às nossas casas. O que significa que, nos próximos anos, outros players têm de repensar os seus modelos de negócio e os serviços que disponibilizam. Começa nos retalhistas, mas vai estender-se aos fornecedores de crédito ao consumo.