Comunidades

Um dia, a união entre consumidores faz a força.

 

As marcas procuram há muito criar comunidades que unam os seus clientes. Agora é tempo de os consumidores construírem comunidades e ditarem as suas exigências. Revolução ou, simplesmente, o próximo passo lógico num mundo onde o consumidor detém, mais do que nunca, o poder? O #oneday revela bons exemplos.

 

Todos por um: a nova era dos seguros.

Estamos no verão e talvez esteja a pensar em aproveitar as férias para praticar a sua atividade preferida ou para experimentar algo novo: bicicleta elétrica, drones, golfe… O seu equipamento está, juntamente consigo, devidamente seguro? Foi esta a questão à qual a Wizzas procurou dar resposta. Esta jovem startup francesa procurou, diante da emergência de novas formas de consumo, focar-se na perspetiva da comunidade. A ideia é simples: reagrupar as necessidades de diferentes comunidades de indivíduos, de classes profissionais ou de praticantes de desporto para permitir que cada pessoa obtenha os melhores prémios por parte das seguradoras.

Em Itália, a Axieme propõe um modelo que recompensa grupos de clientes. Esta “insurtech” lançou um seguro que agrupa pessoas com o mesmo perfil de risco, onde todos partilham informação sobre os sinistros. O motivo: cada membro de uma mesma classe de risco contribui, ao longo de toda a vida útil da sua apólice, com uma percentagem para um prémio comum. No final da apólice, todos recebem um reembolso sobre o capital desse prémio, com base no valor anual. O algoritmo da Axieme calcula o valor a devolver a cada tomador de seguro tendo em conta a seguinte fórmula: “menos sinistros = maior retorno”.

Uma das pioneiras deste conceito é a Friendsurance, insurtech alemã que em 2010 trouxe o modelo “peer-to-peer” para o setor dos seguros, aplicando este princípio de redistribuição de prémios acumulados em fundos comuns.

 

Mais assinaturas, menos IVA.

Em 2018, a Deco – Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor – lançou a iniciativa “Bastam 6”, uma carta aberta aos partidos com assento na Assembleia da República onde exigia que a taxa de IVA aplicada à energia doméstica (eletricidade e gás) passasse dos atuais 23% para o valor mínimo de 6%. Mais de 70 mil consumidores assinaram esta carta, entregue no parlamento e que resultou em 2019 na diminuição do IVA para 6% numa parcela da fatura (potência contratada). Por considerar a medida insuficiente, a Deco voltou a apelar aos consumidores para assinarem nova carta, que exige diminuição do IVA em toda a fatura e não apenas numa parte. A julgar pela adesão registada na primeira iniciativa, também esta promete ampliar a força dos consumidores portugueses.

Ideia Central

Tecnologia + liberalização de mercado estão a incentivar os consumidores a unir-se em torno das suas necessidades e interesses. Trata-se uma abordagem que encoraja pequenas e grandes comunidades a crescer e que permite que novos players, mais ágeis e atentos ao mercado, apareçam e ganhem o seu espaço. O futuro constrói-se, definitivamente, em conjunto.